Não
fui menino de entrar de graça
nos circo,
não tinha jeito de correr
atrás do palhaço,
gritando a propaganda para ganhar
a entrada.
Não tinha disposição
nem coragem
de entrar por baixo do pano,
escondido,
como faziam os colegas de escolas.
Quando eu não tinha dinheiro,
em manhãs de sábado,
vendia coisas na feira,
ou meu pai pagava os ingressos.
Eu entrava, no circo, sempre
de roupa limpa
e bem engomada por Silvina Melana.
Sapatos brilhando, que eu mesmo
engraxava,
cabelos lisinhos: brilhantina
ou glostora.
Menino que entrasse sujo e descalço,
tinha que ajudar o palhaço,
ou servir de amarra-cachorro.
Menino
que queria ser importante
tinha que levar cadeira da sala-de-visita
e dois saquinhos de pipocas
que vinham de Montes Claros.
Melhor
caprichar nos detalhes
para dar brilho aos olhos da
namorada…