Luís
Vaz de Camões
Está
o lascivo e doce passarinho
Está
o lascivo e doce passarinho
Com o biquinho as penas ordenando;
O verso sem medidas, alegre e brando,
Expedindo no rústico raminho.
O cruel
caçador, que do caminho
Se vem calado e manso desviando,
Na pronta vista a seta endireitando,
Lhe dá no estígio lago eterno ninho.
Desta
arte o coração, que livre andava
(Pôsto que já de longe destinado),
Onde menos temia, foi ferido.
Porque
o Frecheiro cego me esperava,
Para que me tomasse descuidado,
Em vossos claros olhos escondido