Mensagem
de uma Jovem Universitária
da USP
Como
aluna da USP, me sentia uma
pessoa privilegiada e vencedora.
Tinha um grupo grande de amigos
que me incensava a vaidade,
e que em festas sucessivas
me levava às primeiras experiências
com LSD.
Como
eu passava longo tempo fora
do lar, com justificativa
de estudo em grupo, meus pais
nunca se deram conta do meu
vício. Mergulhei durante um
ano em secretas viagens alucinatórias.
Era usar o ácido e os rostos
se deformavam. Via flores
gigantes, pássaros coloridos
de plumagens belas e, às vezes,
caras tortas, deformadas e
contorcidas. Era a pior face
do vício.
Surgiu
então, em meu caminho, um
novo colega, o tipo careta,
bonzinho, ajuizado. A atração
que sentimos foi muito forte
e, embora sabendo que eu era
desajustada, apoiava-me e
impedia-me, às vezes, de participar
de cenas.
Como
eu não me dispunha de mudar
de vez, e a trocar de companhias,
ele terminou o namoro às vésperas
de um feriado longo. Chorei
muito. Esperava que ele retornasse
pela força do nosso amor.
Viajei com a turma para Guarujá,
mais para desforrar a viagem
que ele fizera para o interior,
onde morava antiga namorada
dele.
Minha
família se preocupou com minha
depressão. Ignorava que o
rompimento era por eu não
romper com as drogas. Na praia
mergulhei fundo em bebida
alcoólicas e LSD.
Uma
tarde, no apartamento, todos
viajando, cada um a seu modo,
vi um "anjo" que me chamava
na janela. Comecei a gritar
eufórica. Os amigos me seguravam,
mas me desvencilhei deles
e mergulhei solta no espaço.
Não havia anjo, havia ácido
no meu cérebro.
Tudo
isso ocorreu em 1970. Meu
namorado soube depois. Ele
foi acusado de ser o culpado
do meu suicídio. Todos queriam
salvar a própria pele e diagnosticaram
como forte depressão o que
era alucinação.
Ele
aceitou a situação sem se
defender e manchar o meu nome.
Fiquei como a pobre coitadinha
e não como uma irresponsável
que não soube agradecer tudo
de grandioso que recebeu em
oportunidades da vida.
Sofri
muito no Plano Espiritual.
Monstros me acompanhavam,
seres em decomposição, cheiro
fétido envolvia em gases peçonhentos
tudo que me cercava.
Quando
amparada pelo meu pai, que
sofrera um enfarte e viera
para o Plano Espiritual, oito
anos depois da minha partida,
me reajustei, e a grande verdade
veio à tona.
Me
dirijo aos jovens. Minha família
está bem, mas muitos jovens
como eu estão dando os primeiros
passos na estrada do auto-extermínio.
Detenham-se
enquanto podem recuar. A realidade
da vida é bela, e vocês não
terão como vivê-la se drogando.
Detenham
os passos nessa senda destruidora,
nessa fogueira que queima
nossa saúde, nossos sonhos,
nossas vidas.
Vida,
sempre!
Drogas,
não!
Espírito,
V... M...
Busca e Acharás - Agosto de
2000
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