Os trinta anos de Lazinho
“Setembro foi decididamente um mês de grandes acontecimentos em nossa alta sociedade. Parece até que a primavera, esparzindo no ar suas matizes perfumadas, inspirou os responsáveis por nossos clubes e “boites”, incutindo-lhes no espírito a idéia para a realização das grandes noitadas que presenciamos.
E, num rápido retrospecto, recordaremos para os leitores de MONTES CLAROS EM FOCO tudo aquilo que de bom pudemos anotar neste mês”.Assim começava a segunda crônica de Lazinho, publicada em novembro de 1956, na revista do saudoso Ataliba Machado, hoje um documento dos seus 30 anos de jornalismo, marcados de garra e trabalho, nao me consta com qualquer descanso a noa ser para ir à praia, à Europa, aos Estados Unidos, ou ao natural caminho de roça de Belo Horizonte.
Quem te viu e quem te vê, Montes Claros! O que era e o que é, antes e depois de Lazinho, dessas três décadas de educação social, de aulas do L. Pimenta, que é bom professor em todas as horas, gosta do ofício e sabe amar a profissão como ninguém. Como Lazinho transformou esta cidade! Demonstrou etiquetas, traçou rumos, defendeu progressos, indiciou metas, criticou costumes, aparou arestas e até elogiou quando julgou o melhor caminho! De vez em quando, com o Haroldo Lívio e outros companheiros de imprensa, do mesmo tempo de ofício, fazemos um balanço do trabalho de Lazinho, e a coluna positiva sempre ganha. Tem sido ele quase um herói! E quanto Montes Claros lhe deve! Verdade, minha senhora. Se quiser uma prova, leia a coluna dele, de hoje. Leia qualquer uma outra de qualquer dia, e confira, quanto bem o Lazinho faz!
Na coluna da revista de novembro de 1956, que me cedeu o grande amigo Jacinto Silveira (Netinho), de Capitão Enéas, o Lazinho conta os acontecimentos todos de uma primavera, conseguindo “bom tom”, na época, parao “high society” e o mundo artístico, quando indiscutivelmente a maior atração foi um “show” de Cauby Peixoto, “internacional consagrado cantor brasileiro”, na quadra de basquete da Praça de Esportes, num autênticoe porfusamente folorido jardim vienense. Uma “great hight” que fez vibrar a nossa sociedade, dando ensejo ainda a que algumas sras. e srtas. a todos deslumbrassem com as suas vistosas e elegantes “toilletes”. Olhe que linguagem, minha senhora. Havia elegância até nos estrangeirímos.
Lazinha, há trinta anos, falava também no casameto dos jovens Wandaik Wanderley e Marina Fróis (hora de indizível encantamento, consagrada pela impecável e riquíssima organização do “buffet”), do aniversário do sr. Gorgônio Mendes Cardoso, das bodas de ouro do venerado e estimado casal Tobias Tupinambá e exma. Sra. Josefina Mendonça Tupinambá, das festas do “IT Clube”, “Social Figueira” e “Oqui Clube”, esplendiosas e concorridas reuniões dançantes, além dos pic-nics em recantos mais aprazíveis da cidade, quando Whiskamos em companhia de quatro dos mais cobiçados “partidos” da cidade: Wandaik Wanderley, Dr. Antônio Felicissimo Colars e Renato Andrade. Outros destaques mereceram Vânia Ataíde Vieira, Clarisse Sarmento, Ladislau Braga Filho, Jane Lúcia Silveira. Houve também um pedido em favor do Orfanato, com “sessenta e sis criancinhas desamparadas”.
Como Camões poderá dizer o Lazinho: “Mais servira se não fora tão grande amor tão curta a vida”. Afinal o que vale um momento só de 30 anos?