“Seis Poetas de Montes Claros”
Meia dúzia
de poetas, pois não! Três pares de criadores de poesias. Três
homens e três mulheres, mas não três casais, porque só
ligados pelas letras em harmonia. Seis montes-clarenses, não importa
terem ou não aqui nascido, todos morrem de amores pela terrinha muito
nossa. E que bom existam os seis! Pela ordem de entrada, Georgino Júnior,
Joba Costa, Liana Menezes, Márcia Braga, Raimundo Mendes, Raquel Mendonça.
Ah que time tão embeiçado pela poética, pela musicalidade
das letras, pelo social que o verso pode oferecer, pela reforma que uma composição
literária pode provocar! Quem sabe, seis revolucionários que os
leitores acabarão re-descobrindo!
“Seis Poetas de Montes Claros” é um bom começo de
luta em forma de livro, reunião corajosa e trajetória de cabeças
pensantes, pouco conformadas com o tradicional, briguentos por uma urgente inovação
do mundo e das gentes do mundo. Busca ansiosa de democratização
do ser humano – homem ou mulher – avaliado, medido, pesado, para
um reencontro de valores, sem muita preocupação de exagero de
igualdade no real ou no sonho. “Seis Poetas de Montes Claros” é,
deveras, um lançamento de idéias provocantes, concatenadas para
uma fervedura de inteligência e emoções, coisa assim do
ex-adolescentes que querem ser mas já não são.
Não seria tão necessária a apresentação dos
poetas, porque em verdade vos digo, a poesia acaba apresentando-se por si mesma
queiram ou não queiram os autores ou o distinto público ledor.
Claro que não valerá o poeta mais do que a própria poesia,
assim como não se acende uma candeia para coloca-la debaixo do alqueire
como bem disse o evangelista. Se poesia é luz, o poeta é o iluminador.
Um mostrará o outro, e vice-versa, foi assim desde o início do
mundo, ambos se complementam. Mas como uns são mais conhecidos do que
outros, não posso me furtar de dizer alguma coisa que, vai ser, vós
até já conheceis.
Georgino Júnior é poeta de nascença, e só não
digo que come e bebe poesia, porque nunca ouvi dizer que poesia aplaca ira de
estômago vazio. Juninho, todos sabem, é santo e puro, um irmão
se São Francisco, bom que faz gosto! Malandramente didático, ensina
certo, certinho, e muitas vezes até machuca a nossa consciência.
É um gigante. Joba Costa, João Batista de Almeida Costa, espiritual
na arte, bailarino, rítmico por natureza: sensível como um herói
grego das naves de Ulisses, põe na poesia a forma do movimento, joga
com a sonoridade e com o significado de palavras e letras. Tem presente e futuro.
Liana Menezes, que já tem livro publicado em Juiz de Fora, atriz, diretora
e professora de teatro, moça de muita sinceridade, quase dramática,
muito convincente. Segura no trato do social, tem no lúdico um papel
de formação direta de nobres e plebeus. É ótima!
Márcia Braga é um presente que Belo Horizonte nos ofereceu! Que
excelente jornalista, como sabe poetar tão bem! Já tem tradição
(ao lado de Luciano de Jesus) na poesia impressa nos Poemas de Couro, sempre
gostosos de ler e de ouvir. Que bom Márcia fazer parte deste livro! Enriqueceu-o.
Raimundo Mendes, nosso melhor declamador – sempre o foi – revela-se
também um perfeito poeta, doce e salgado, severo e terno ao mesmo tempo,
uma experiência que engrandece a ele e a nós. Viva Montes Claros!
Raquel Mendonça, nossa Raquel batalhadora, franca, direta, fluente, é
látego e carinho, tem cadência no escrever. Autora e musa, Raquel
é colocada como chave de ouro do livro para encantar os que gostam e
até os que não gostam de nobre arte. E é ótimo que
assim seja.
Quem bom existam no mundo os que têm coragem e sabem e podem abrir caminhos!
Afinal, o canto é para ser cantado.