Classe e elegância
Como, semana passada,
falei de etiqueta social, de um meio curso da Socila que acidentalmente fiz
no Rio, há alguns anos, sinto-me, hoje na obrigação de
transmitir para o pessoal do centro e da periferia algumas regrinhas de bom-tom
que muito ajudam na elegância do bem-viver. Falo assim de centro e periferia
sem a mínima vontade de discriminar ou dividir o mundo em pobres e ricos.
Longe de mim em pensar nisso! Falo, porque tudo hoje virou farinha do mesmo
saco, ricos passando para a classe média, remediados chegando à
pobreza, pobres subindo de vida, ou até mesmo ficando mais pobres. Uma
mistura proletária na maior parte com o facão de impostos do governo
podando por cima e por baixo. Na descida de quem paga e na subida de quem recebe,
aparece até a classe dos marajás, que também precisam de
etiqueta para explicar educadamente quanto ganham, ou abocanham.
Pois bem, em primeiro lugar no trato do dia-a-dia é preciso aprender
a apresentar ou ser apresentado, como cumprimentar, como pedir desculpas, como
evitar ou sair-se das gafes, como ser elegante mesmo nunca tendo ao menos sonhado
com um berço de ouro. Claro que há pessoas expansivas e pessoas
tímidas, cada qual terá seu próprio ânimo na hora
de agir. O essencial é não preocupar-se demais com as formalidades.
Agindo naturalmente, a possibilidade de erros será sempre menor, embora
necessário o conhecimento das regras. Nada de frases empolgadas como
“permita-me que eu lhe apresente...”, “Eu tenho o imenso prazer
de apresentar-lhe...”. Basta um “Você conhece...” ou
“Faço a questão que você conheça...”.
Apresente sempre a pessoa menos a mais importante. A mais jovem a mais velha.
O homem à mulher. O sobrenome é válido, ainda mesmo que
entre os jovens. É pelo sobrenome que as pessoas podem identificar, localizar
os pontos de referência comuns. Nem sempre é indispensável
a citação da família, principalmente nas cidades menores.
Cabe à pessoa mais importante, àquela que recebe a apresentação,
fazer o primeiro gesto, e estender a mão, fazer um aceno de cabeça.
Acrescente à apresentação algum dado que qualifique as
pessoas. “Você conhece Eva, uma ótima professora?”,
“Já conhece o Ângelo, um excelente advogado?”. Isso
dará a motivação para a conversa, o gancho para o início
de assunto.
Há sempre um momento de pânico quando você esquece o nome
da pessoa que tem de apresentar. Há várias possibilidades: a)você
pergunta claramente à pessoa em questão qual o seu nome, dizendo
que se esqueceu; é uma maneira sincera de agir, mas corre-se o risco
de magoar o outro; b) evita apresentar, incluindo apenas o outro na conversa;
e c) você usa uma fórmula intermediária, do gênero:
“Vocês já se conhecem?”, que, em geral, leva as pessoas
a se apresentarem.
Com simplicidade e simpatia, tudo ficará bem colocado.
Outra coisa: pedir desculpas é bom e louvável, é um ato
social indispensável, e bom que seja mesmo na hora do erro.
Ninguém precisa ficar com vergonha de pedir desculpas. Se não
o fizer na hora, que o faça depois por telefone, com um cartão,
com bilhete. O que não pode é deixar passar um erro ou indelicadeza
sem uma palavra de explicação. Seja você com toda a sinceridade.
Só os inimigos não mandam flores!
E por falar em sinceridade e educação, muito obrigado à
Revista “Nova”...