Abstrações
ARTE – A
arte, em qualquer parte e em qualquer época, será sempre uma só
no conjunto maravilhoso de motivos e de motivações, dentro do
que podemos chamar de espiritualidade infinita. Ela reflete a alma humana ou
das coisas, no que há de mais legítimo, evoluindo com os homens,
crescendo quando crescem as civilizações, materializando-se ou
abstraindo-se numa síntese do querer e do sentir, espelho cristalino
das realidades interiores de cada um e de todos. Representando a contemplação
espiritual de quantos a exteriorizam, será sempre a manifestação
da beleza eterna. A arte é como que, em paralelo como a fé, o
dom divino da criatura, no criar e no meditar, no exprimir e no viver. A sabedoria
e o sentimento da arte não as duas asas com que a alma se revela para
a perfeição suprema.
AMOR – O amor é a lei própria da vida e, sob o seu domínio
sagrado, todas as criaturas e todas as coisas se reúnem ao Criador, dentro
do plano grandioso da unidade universal. Em tudo, e também em toda parte,
observamos a exteriorização das leis do amor. Vemo-lo desde as
mais humildes manifestações dos reinos da Natureza, na poeira
cósmica, nas atrações magnéticas, nas precipitações
da química, nas combinações minerais e vegetais. Nas expressões
da vida animal, observamos o amor em gradações infinitas, que
vão da violência à verdadeira ternura. É, entretanto,
nos caminhos da humanidade que ele preside a todas as atividades da existência
em família e em sociedade, marchando sempre para sublimadas emoções
de espiritualidade pura, pela renúncia e pelo trabalho santificante,
até alcançar o amor divino.
FELICIDADE – A felicidade legítima não é mercadoria
que se empresta. É realização íntima. É graça
dos céus, é fortaleza moral, provêm do esforço contínuo
na direção do bem. É esperança fiel que se fixa
no coração. É fruto de compreensão mais alta. É
fonte cristalina e inexaurível do verdadeiro amor ao próximo.
É trabalho, é ação, é boa vontade. São
bênçãos de luz que jorram no coração e na
alma de quem vive na convicção de uma verdadeira causa.
A felicidade legítima é a paz interior, é a consciência
do verdadeiro cumprimento do dever no passado e no presente. A felicidade legítima
é a certeza na fé, o coração na esperança
de um futuro melhor, é o otimismo sadio e seguro próprio das grandes
almas. A verdadeira felicidade não exige grandes mananciais de condições
positivas normais para a alma comum, não é fruto condicionado
às riquezas da saúde, do dinheiro ou do poder de mando. Não
é resultado da vaidade bem atendida, da ostentação ou do
luxo. Só é feliz quem sabe perder e suportar, sofrer e trabalhar,
abençoar e amar.