Jane
Botti
A
Dança da Sedução
Bailo
com a música tocada
por mãos que suavemente deslizam
em meu corpo
surgindo uma dança controlada
pelo prazer transparente
do envolvente libido que se faz
presente.
Bailo com a música cantada
pela boca que me beija com loucura
fazendo do meu corpo um instrumento
alucinante da sedução maliciosa
na volúpia descontrolada e deliciosa
saciando meus sentidos e desejos.
Bailo com a música entoada
pelo ritmo frenético do lirismo
de corpos embriagados pela magia
despretensiosa da dança do amor
que me faz fêmea seduzida e sedutora
em total entrega do meu todo.
Prisioneira
do Amor
Sinto-me prisioneira
desse amor doente e demente,
estou presa em carícias e beijos,
sou prisioneira consciente
do seu corpo ávido e quente,
preciso dos seus abraços
mesmo que seja uma mera ilusão
de um livre querer e gostar.
Sinto-me prisioneira
do prazer e do êxtase,
desse amor louco e pouco,
numa mistura do bem e do mal,
que me tira mais do que me dá,
me aprisionando em liberdade
e em liberdade de amar me viciando,
saciando meu corpo voraz e úmido
nesse amor carnal e irracional,
fazendo de mim prisioneira fatal
do amor beirando o irreal
Quero
de volta
Quero de volta meu passado
mesmo vazio de lembranças,
quero de volta meu equilíbrio
mesmo sem a presença da lógica,
quero de volta minha identidade
mesmo que venha em pedaços,
quero de volta minha lucidez
mesmo que junto venha a insensatez,
quero de volta o brilho do olhar
mesmo sem a magia da malícia,
quero de volta meus sonhos
mesmo que junto venham os pesadelos,
quero de volta minha esperança
mesmo que ela me traga sofrimento,
quero de volta meus afetos
mesmo que tenham sido complexos,
quero de volta meus amores
mesmo que não tenham sido verdadeiros,
quero de volta minha vida
mesmo que venha acompanhada da morte.
Não sei se mereço, mas isso já não
importa,
porque quero minha felicidade de
volta
Quem
é você?
Quem é
você,
que me seduz com a ausência,
que me deixa encantada,
que me irrompe os sonhos,
que me envolve em fantasias?
Quem
é você,
que invade o meu destino,
que me tira a vergonha,
que me desnuda o instinto,
que me põe em desatino?
Quem
é você,
que me acena com a felicidade,
que me banha com gentilezas,
que me possui à distância,
que me aguça os sentidos?
Quem
é você,
que parece ter a leveza da luz,
que me envolve com sutileza,
que me fascina com delicadezas,
que me promete sem prometer?
Quem
é você?
Um anjo?
Um demônio?
Quem é você, afinal?
Com
a sua inebriante inquietude
ele vem e sem rodeios
acalma a carência,
parecendo eternizar cada instante,
sacia os desejos
produzindo prazeres itinerantes,
aguça o gosto do pecado,
sonega a inocente beleza,
ironiza a intrépida certeza,
revela que é provisória
a alegria e a magia,
rouba a alma seduzida,
interpela o corpo vulnerável,
e com a presença fraudulenta
da pressa implacável,
ante a vaidade impiedosa,
acaba com o fascinante mistério,
revelando sua identidade
dizendo ser o tal amor priscador...
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